Selfie: a nova onda nas redes sociais

4/8/2014        

Quando esse registro constante de si mesmo pode se tornar um problema?

É comum registrar os momentos e postar nas redes sociais, são as comuns “selfies” (fotografias de si mesmo). Exposições de arte, shows, viagens, idas a restaurantes, parques, entre outros, e o auto-registro, a necessidade de dizer por meio de uma fotografia: eu realmente estive nesse lugar, eu realmente “existo”.
 
Não é condenável, mas é no mínimo coerente questionar: qual o intuito dessa ação? Por que quero mostrar para as pessoas que estive neste lugar? Por que preciso mostrar meu novo batom ou minha maquiagem de festa? Por que preciso me mostrar? Por que é tão importante que as fotos da minha viagem pela Europa ou pelo Nordeste do Brasil sejam expostas? Por que não podemos nos “desligar” da tecnologia?
 
O narcisismo é um conceito dentro da psicanálise que está relacionado com a admiração exagerada de si mesmo, com a paixão por si mesmo. Um pouco de narcisismo não faz mal a ninguém, mas como a linha que separa o narcisismo do amor próprio é tênue, é importante repensar as próprias ações e buscar o equilíbrio.
 
O conceito de narcisismo se deve ao Narciso, personagem da mitologia grega que despertou a reverência e amor da ninfa Eco. Mas Narciso não se entregou a esse amor e foi condenado por uma maldição lançada pelas ninfas e donzelas de que amaria intensamente sem que pudesse possuir a pessoa amada, assim, ele se apaixonou por seu reflexo na água sem jamais alcançar aquele “ser” alvo de sua admiração, assim, cansado de tanto desejar aquela imagem refletida, desapareceu na relva e em seu lugar uma flor irrompeu ganhando o seu nome.
 
Podemos entender que o narcisismo está presente nessa avalanche de selfies pelas redes sociais, mas é sempre válido refletir que o que torna a tecnologia benéfica ou não é o uso que fazemos dela, por isso cabe ao indivíduo questionar suas ações e os motivos de suas ações.
 
O que é mais importante? Aproveitar uma viagem, conhecer os mais belos lugares, aproveitar os prazeres gastronômicos, ou, passar o tempo querendo mostrar às pessoas que está em determinado local? Não que seja errado tirar fotografias, pelo contrário, é um registro que se leva para a vida inteira, mas falo em relação ao exagero, ao desejo exacerbado de mostrar a si mesmo, de expor a própria imagem de maneira desenfreada e sem qualquer significado.
 
Realizar um registro de um acontecimento é válido, mas qualquer ato rotineiro é um acontecimento que merece ser registrado? Narciso está em nós, amaldiçoado por essa paixão por si mesmo, mas cabe a cada um decidir quanto espaço esse narcisismo terá em si mesmo.
 
O selfie seria apenas um movimento em redes sociais ou uma “enfermidade” tecnológica em que o ego precisa ser constantemente massageado? Vamos refletir incessantemente.
 



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