Imagine o que é enxergar as imagens distorcidas, borradas ou até duplicadas. Essa é a realidade de quem possui ceratocone, uma doença ocular que necessita de acompanhamento médico e um diagnóstico preciso, pois o diagnóstico precoce pode interromper sua progressão e permitir um tratamento bem-sucedido.
Uma pessoa com ceratocone possui a membrana exterior dos olhos, que deveria ser redonda, com o formato de um cone – daí surgiu o nome ceratocone (do grego: “kerato” significa córnea e “conus” forma cônica). A doença causa o afinamento da córnea, e, consequentemente causa a distorção da visão para perto e longe.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a doença é considerada rara, podendo afetar homens e mulheres na mesma proporção e em diferentes partes do mundo. A prevalência varia de 4 a 600 casos por 100.000 indivíduos.
O Professor Titular de oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), Paulo Augusto Mello, explica que a baixa rigidez do colágeno da córnea é responsável pelo abaulamento e afinamento progressivos, provocando astigmatismo irregular e afilamento do seu ápice.
De acordo com o especialista, a doença se inicia, geralmente, na puberdade (entre os 13 e os 18 anos de idade) com evolução até aproximadamente a idade de 35 anos, quando, na maioria das vezes, ocorre uma estabilização espontânea da doença. O médico explica que os principais sintomas da ceratocone são “visão borrada e distorcida para perto e longe, dores de cabeça, halos em torno das luzes e fotofobia”.
As causas específicas da ceratocone ainda não são conhecidas. Contudo, o histórico familiar está presente em 6 a 8% dos casos, sugerindo herança genética. O médico explica que o hábito de coçar os olhos altera a composição das enzimas na córnea, o que reduzem ainda mais sua resistência. “Não há como prevenir a doença, mas os portadores não devem coçar seus olhos, pois tal hábito está intimamente associado com a evolução da ceratocone”, explica.
Diagnóstico:
No início, o diagnóstico pode ser difícil, pois, muitas vezes o oftalmologista diagnostica somente astigmatismo e miopia. Porém, o avanço da medicina já disponibiliza aparelhos que facilitam o diagnóstico.
“O aparelho que mede a curvatura anterior da córnea, chama-se ceratômetro, mas existem outros aparelhos que também a medem, como a topógrafo (avalia a superfície anterior da córnea, sua curvatura e forma), muito importante para diagnóstico de ceratocone”.
Tratamento:
O professor explica que o tratamento deve ser iniciado com o uso de óculos e em casos mais avançados é recomendado o uso de lentes de contato, que simulam uma nova superfície corneana regular. Além disso, existe o Crosslinking, um novo tratamento cirúrgico desenvolvido com a finalidade de melhorar a resistência da córnea, aumentando sua estabilidade. “Consiste na ligação do colágeno da córnea com a riboflavina (VITAMINA B2). O objetivo é minimizar ou parar a progressão do ceratocone e com isso estabilizar na situação atual. Quando não é possível proporcionar boa visão com tais tratamentos há necessidade de cirurgias, como o transplante de córnea ou do implante de anéis na córnea.”
Prof. Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello
Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina / UNIFESP
Fontes:
Conselho Brasieliro de Oftalmologia – CBO: http://www.cbo.net.br/novo/publico-geral/ceratocone.php
Portal dos olhos: http://www.portaldosolhos.com.br/ceratocone-2/ceratocone-saiba-mais-sobre-a-doenca/