Bócio: causas, sintomas e tratamento

4/4/2016        


“A falta de iodo leva ao aumento do volume da glândula, decorrente da diminuição da produção de hormônios tireoideanos”, alerta endocrinologista


Bócio é o nome do aumento da glândula tireoide, também conhecido popularmente como papo ou papeira. O crescimento da glândula é aparente na região frontal do pescoço e pode surgir um ou mais nódulos que nem sempre são perceptíveis externamente, chamado de bócio nodular. A Organização Mundial de Saúde estima que 2 milhões de pessoas apresentam deficiência de iodo e 20 a 50 milhões têm bócio com nódulo. 
 
Atualmente, são raros os casos de bócio, comenta a endocrinologista Patrícia Gracitelli: “O indivíduo pode notar o aumento do volume do pescoço ou mais comumente, ser apenas diagnosticado através do exame de ultrassonografia”, ressalta. De acordo com a especialista o bócio já foi mais comum nas regiões de Minas Gerais e Nordeste, onde há deficiência de iodo na alimentação. “A falta de iodo leva a um aumento do volume da glândula, decorrente da diminuição da produção de hormônios tireoideanos”, completa. 
 
No ano de 2000 pesquisadores da Universidade de São Paulo percorreram 12 mil quilômetros entre as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país para checar a quantidade de iodo consumida nessas localidades, visto que tanto a falta como o excesso são igualmente prejudiciais para a saúde da tireoide. 
 
Graças a obrigatoriedade da adição de iodo no sal de cozinha os estudiosos não encontraram casos de bócio nos vilarejos antes afetados nas regiões Norte e Nordeste do país, embora amostras da urina de crianças entre 6 a 14 anos apresentaram quantidade elevada de sal iodado, superior aos 10 gramas diários recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Chile é um dos países com maior taxa de iodo e 69.5% dos estudantes apresentaram mais de 300 microgramas, já a Bolívia apontou 10% das amostras acima de 300 microgramas, está entre os países com menores taxas de iodo. 
 
Em relação aos fatores que levam determinadas regiões ao maior consumo de iodo o coordenador da Unidade de Tireoide da Faculdade de Medicina da USP, Geraldo Medeiros, justifica o calor excessivo e o clima tropical, responsável pela transpiração e a perca de sal do organismo. Portanto, essas populações costumam inserir na dieta maior quantidade de iodo. 
 
A endocrinologista Dra. Patrícia orienta que o tratamento para o bócio irá depender do tamanho do nódulo e da produção hormonal do paciente: “Se a glândula for muito grande a ponto de atrapalhar para engolir, respirar, tossir ou causar constrangimento estético, precisa ser operada ou tratada com iodo radioativo”, adverte. 

 

Doenças genéticas da tireoide

 
Minas Gerais é o estado com maior prevalência de casos de crianças com doenças genéticas da tireoide, afeta 27%. No Paraná e em Santa Catarina, por exemplo, os casos são inferiores de 10 a 12%, logo os pesquisadores justificam a baixa miscigenação nessas regiões, onde houve a integração de italianos, portugueses, japoneses, espanhóis e croatas. Em Minas gerais a população descende em sua maioria de colonizadores que chegaram no século 18 e causaram a consanguinidade. 
 
A especialista em endocrinologia afirma que o bócio congênito é raro, mas que pode ocorrer o hipotireoidismo congênito que afeta 1  para 4 mil nascimentos: “A causa mais comum é a não formação da tireoide durante a gestação ou tireoide muito pequena, com produção baixa dos hormônios tireoideanos.  O diagnóstico é feito com o teste do pezinho, ainda na maternidade, e o tratamento é a reposição de hormônios pela vida toda”, orienta. 
 

Tratamento com iodo radioativo

 
Pesquisadores brasileiros desenvolveram o tratamento para combater o bócio visando as regiões mais carentes do mundo, lugares onde é incidente a doença. O tratamento visa substituir a cirurgia tradicional da retirada da tireoide por uma técnica mais acessível. A equipe administrou durante o estudo aplicações com injeção do iodo radioativo e o hormônio TSH que contribuiu para absorção do radioiodo. Após o acompanhamento de 42 pacientes durante três anos observaram que houve a redução da glândula em 60% e até o desaparecimento completo do nódulo. O custo aproximado do tratamento é de R$ 300 por paciente.
 
 
 
 
 
 
 
Referências:
 

 
 
 
Dra. Patrícia Gracitelli 
Especialista em Endocrinologia e Metabologia
CRM 113018
 

www.drapatricia.com

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