Síndrome dos Ovários Policísticos: o que toda mulher deve saber?

23/2/2016        

COMPREENDA SOBRE O QUE PODE SER FEITO CASO ESTEJA NA TENTATIVA DE ENGRAVIDAR

 
 
De acordo com o estudo Síndrome dos ovários policísticos: aspectos atuais das abordagens terapêuticas. Parte 1, publicado pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), muitas mulheres portadoras da síndrome dos ovários policísticos não procuram assistência médica até tentarem engravidar depois de interromperem o uso do anticoncepcional, que seria o responsável por “mascarar” os sintomas do problema até então.

 

MAS DO QUE SE TRATA A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP)?

 
A ginecologista e obstetra Larissa Matsumoto, explica que a SOP é o distúrbio endócrino mais comum nas mulheres em idade reprodutiva e acomete de 5% a 15% do público feminino.
 
O estudo Dificuldades e armadilhas do diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos, explica que a SOP foi observada inicialmente pelos médicos Stein e Leventhal, em 1935, que observaram uma associação entre amenorreia, hirsutismo e obesidade com ovários com aspecto policístico. 
 
A ginecologista explica que para o diagnóstico de Síndrome dos Ovários Policísticos, os critérios mais utilizados são o de Rotterdam (*ver no final da matéria), estabelecidos em 2003, e são necessários pelo menos dois critérios dentre os três que ela enumera:
 
• Oligo-ovulação ou anovulação (ciclos irregulares com intervalos de mais de 35 dias);
 
• Sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo (pelos aumentados ou aumento dos valores na dosagem de hormônios masculinos, respectivamente);
 
• Ovários com padrão policístico (presença no ultrassom de 10 ou mais folículos de 2 a 9 milímetros ou volume maior de 10 ml, em um dos ovários)
 
A médica ressalta que a imagem no ultrassom de ovário policístico não necessariamente conclui um diagnóstico de síndrome, isso porque pode se tratar de uma boa reserva ovariana: “Pacientes adolescentes, por exemplo, apresentam no ultrassom a imagem de ovários policísticos em até 50% dos casos”.
 
A ginecologista explica que pacientes com SOP apresentam no ultrassom imagens que se caracterizam pela distribuição multifolicular periférica (vários folículos no ovário) e na região central, aumento do estroma ovariano (relacionado ao aumento do tamanho do ovário).
 
“Os sintomas mais frequentes são: o aumento da pilificação (que se refere aos pelos), assim como acne, alopecia, sinais de hiperandrogenismo; irregularidade menstrual (oligo ou amenorreia); infertilidade (por falta de ovulação) e obesidade em 60% das mulheres com diagnóstico de SOP”, esclarece.
 
A ginecologista explica que mulheres com diagnóstico de SOP possuem maiores chances de desenvolver problemas como intolerância à glicose, diabetes tipo II, diabetes gestacional, além de maior risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares, hipertensão, de sangramento uterino disfuncional, câncer de endométrio, depressão, aborto, prematuridade e pré-eclâmpsia.
 
De acordo com o estudo Tratamento da infertilidade em mulheres com síndrome dos ovários policísticos, em casos em que a mulher sofra com a SOP e apresente dificuldades para engravidar, uma das recomendações terapêuticas iniciais é a de mudar o estilo de vida, o que é enfatizado pela ginecologista:
 
“Mudanças no estilo de vida, como alimentação regular e exercícios físicos, são as primeiras medidas de tratamento. A perda de até 5% do peso pode ser capaz de restabelecer a função ovariana, além de reduzir os riscos cardiovasculares e metabólicos”.
 
O uso de anticoncepcional é uma das formas de tratamento. Larissa explica que anticoncepcionais que contenham progestagênios, com efeito anti-androgênico, em pacientes sem desejo reprodutivo, pode reduzir os riscos de hiperplasia endometrial e de câncer de endométrio, além de melhorar aspectos estéticos como pelos na face e oleosidade da pele.
 
A médica também explica que a Metformina (medicamento usado no tratamento da diabetes), pode melhorar a função ovariana, mas se usado de maneira isolada e sem a indicação de um especialista, pode não apresentar efeito. 
 

E QUANTO ÀS MULHERES QUE DESEJAM ENGRAVIDAR?

 
A ginecologista explica que mulheres que desejam engravidar devem passar pela avaliação de um especialista e devem descartar outras causas de infertilidade: “Sabemos que cerca de 20% das causas de infertilidade se deve ao fator ovulatório. Porém, deve-se descartar outras causas”.
 
Larissa orienta que é importante que haja uma avaliação do casal, já que pode ser necessário um tratamento mais complexo.
 
“Ainda permanece como primeira opção de tratamento para infertilidade associada à SOP, a indução de ovulação e a orientação das relações sexuais (conhecido como coito programado), entretanto, é importante ressaltar que devemos avaliar se as tubas são normais e se o sêmen do parceiro é normal, entre outros parâmetros”, explica.
 
É sempre importante que as mulheres se consultem frequentemente com um ginecologista de confiança e em casos de diagnóstico de Síndrome dos Ovários Policísticos, é essencial seguir o tratamento mais adequado. No demais, é possível ter qualidade de vida e engravidar, caso haja este desejo.
 
 
 
 
 
Ginecologista e Obstetra - Larissa Matsumoto
MEDICINA REPRODUTIVA 
www.vidabemvinda.com.br
 
 

 

 

 

 

Fontes

 
Síndrome dos ovários policísticos: aspectos atuais das abordagens terapêuticas. Parte 1. Realizado por: Almir Antônio Urbanetz/Maria Theresa Costa Ramos de Oliveira/Christiane Gruetzmacher/Mauri José Piazza/Newton Sérgio de Carvalho: www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/femina v37n5p255.pdf
 
Dificuldades e armadilhas do diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos. Realizado por: José Antonio Miguel Marcondes/Cristiano Roberto Grimaldi Barcellos/Michelle Patrocínio Rocha: www.scielo.br/pdf/abem/v55n1/02.pdf
 
Tratamento da infertilidade em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Realizado por: Laura Ferreira Santana/Rui Alberto Ferriani/Marcos Felipe Silva de Sá/Rosana Maria dos Reis: www.researchgate.net/profile/Marcos_Sa/publication/23785976_Treatment_of_infertility_in_women_with_polycystic_ovary_syndrome/links/544a3b130cf244fe9ea6395f.pdf
 
Rotterdam: Critério definido em 2003 com a reunião de membros da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia e da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
 
 



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