ONG recebe doações a partir de 20 cm; o cabelo é doado sem custo para todo o Brasil
Crianças e adolescentes que são diagnosticados com câncer percorrem por mudanças bruscas no estilo de vida. Com o avanço da ciência e estudos voltados ao tratamento da doença o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 70% das crianças e adolescentes com diagnóstico podem ser curadas e possuem maior sobrevida.
Durante o tratamento e iniciado às sessões de quimioterapia é comum o paciente perder todo o cabelo do corpo, motivo de desconforto e abalo à autoestima. Sensibilizados com a situação a ONG Cabelegria faz campanha e recebe doações de cabelo que serão transformados em peruquinhas e enviados para as crianças que sofrem de câncer.
A fundadora, Mariana Robrahn, explica que qualquer pessoa pode participar do projeto por meio da doação do cabelo. “O comprimento é de no mínimo 20 cm e não importa se tem química ou é tingido”, completa. A orientação é de que os fios sejam amarrados e colocados em saco plástico. “O cabelo precisa estar seco e pode ser enviado por correio”, explica.
Aos familiares e amigos de uma criança com câncer que não se adaptou à queda dos cabelos e tem autoestima abalada por conta disso a idealizadora do projeto sugere enviar um e-mail para a organização.
“O endereço é [email protected] com o assunto "solicitação de peruca". Vamos precisar de uma documentação para liberar a peruquinha. É importante lembrar que o paciente não tem custo algum, nem da peruca, nem de envio”, alerta.
Segundo Mariana, casas de apoio e hospitais também enviam solicitações para a ONG Cabelegria. Atualmente, abrem oportunidades aos salões de beleza que desejam contribuir, aos interessados é só contatar. As perucas destinadas ao público infantil são confeccionadas em tamanho M e G e podem ser ajustadas de acordo com cada paciente. Assim que prontas, são distribuídas para as crianças em diversas regiões do Brasil.
Como estimular a criança com câncer a retornar à rotina?
Para enfrentar a doença e não permitir que elimine momentos importantes para a criança, como estudar, interagir com os colegas da mesma idade e viver socialmente, a American Cancer Society (ACS) alerta sobre a importância da comunicação durante este período e como lidar após o diagnóstico, sobretudo no dia a dia escolar.
Ao se tratar das perguntas que os colegas de classe possam fazer, como: O que é câncer? Você vai morrer? Posso pegar a doença? Explique ao seu filho sobre essas possíveis perguntas e já o deixe consciente. As crianças não são obrigadas a obter essa interação, uma boa alternativa é sugerir que ela responda ao colega: Obrigado por perguntar, mas é complicado falar disso na escola; Eu não sei a resposta para essa pergunta, faça ao nosso professor.
Oriente que ela mude de assunto, pois é comum curiosidade por parte das outras crianças. A rotina escolar é recomendada entre os especialistas sempre que possível, assim como as demais interações sociais. Esses estímulos contribuem para que a criança saia um pouco do ambiente hospitalar, interaja e esteja mais próxima de uma rotina que costumava ter antes do diagnóstico.
O Instituto de Psicologia da USP oferece atendimento psicológico gratuito para a criança com diagnóstico de câncer e também aos familiares. Para saber mais você pode acessar a matéria com a especialista em psico-oncologia, Elisa Campos: Boa saúde emocional ajuda a encarar o câncer.
Projetos como o Cabelegria contribuem com a autoestima da criança que se sente envergonhada com a perda capilar. Diante de uma situação delicada é comum os pequenos apresentarem fragilidade e insegurança com a aparência.
“Estar careca tem que ser uma opção, não uma condição, por isso que existimos, para devolver em forma de peruca, o sorriso e a autoestima dos pacientes que não desejam estar carecas”, argumenta Mariana.
O gesto é valioso para as crianças que ficam receosas e tem a rotina totalmente abalada: “Claro que temos muitos pacientes que se adaptam muito bem com a carequinha, mas temos crianças que deixam de ir para a escola por esteram envergonhadas e aí podemos apresentar uma solução”, completa.
Participação da fundadora do Cabelegria, Mariana Robrahn
Referências:
http://www.cancer.org/cancer/neuroblastoma/detailedguide/neuroblastoma-treating-emotional-social-issues
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil