Nutricionista explica que a seletividade alimentar é bastante comum na infância
Enquanto algumas crianças são as chamadas “boas de garfo” gostam de experimentar alimentos novos e dificilmente faz rejeições, existem os pequenos que dão àquele trabalho na hora de comer, são altamente seletivos com os alimentos e gostam sempre das mesmas opções.
O pior de tudo é que essas preferências são quase sempre pobres em nutrientes e geram preocupação entre os pais: Será que o meu filho irá adquirir doenças, uma anemia? Como ele vai crescer saudável comendo dessa forma?
A nutricionista materno-infantil, Karine Durães, fala que essa preocupação dos pais ao verem o filho rejeitando a comida faz com que gerem comportamentos que não são saudáveis, como barganhar a alimentação:
“Se você comer toda a comida vai ganhar um chocolate” “Se você raspar o prato vai brincar”. Segundo a médica condutas como essa tornam as refeições uma obrigação ou troca de interesses, o que descarta a importância de nutrir e do potencial dos alimentos, desde a infância.
“Por volta de um ano e meio, até três anos é comum as crianças apresentarem comportamentos que chamamos de seletivo, levando em conta o sabor, cheiro e textura. Como exemplo: se a criança come sempre a batata cozida e de repente você oferece um purê, ela pode rejeitar, mesmo que o sabor seja idêntico”, explica.
A médica ressalta que dificilmente comportamentos assim implicam em desnutrição ou problemas com o crescimento. O mais importante é os pais saberem lidar com essas situações e de forma paciente e mostrar ao filho que existem inúmeras opções de alimentos saudáveis e saborosos que ele pode experimentar.
“Estudos também apontam que é normal o bebê rejeitar alimentos com sabor amargo ou azedo. Esse comportamento é considerado como uma proteção que carregamos dos nossos ancestrais. Como estávamos acostumados a viver em matas, essas substâncias poderiam ter um maior grau de toxidade”, conclui. No entanto, a especialista pede para os pais terem paciência, pois essa fase de rejeição alimentar passa.
Permita que a criança explore a textura dos alimentos
Elas fazem aquela sujeira? Sim! Mas a médica garante que esse costume é bastante saudável para o desenvolvimento do bebê, principalmente estimula-lo a comer melhor. Geralmente, a alimentação do bebê costuma ser batida no liquidificador, portanto a sua textura e coloração é totalmente modificada. “Conforme a idade da criança você pode oferecer pedaços maiores de alimentos, isso tem que ser indicado desde o inicio da introdução alimentar, para a gente ir cada vez mais engrossando essa papinha”, indica.
Outra questão importante na hora de oferecer um alimento ao bebê é ter consciência que ele pode sim rejeitar, mas é importante insistir e realizar outras tentativas. Como exemplo a nutricionista cita a banana, que por ter consistência diferente, pode provocar náusea. “Estudos já mostram que a gente precisa pelo menos de 8 a 15 vezes ter exposição ao alimento para começar a aceitar, assim ocorre com os bebês”, pontua.
Não ofereça “ofertas” caso a criança se alimente
A alimentação é um momento importante para nutrir e essencial para a saúde. Desde cedo a criança precisa compreender essa necessidade, o quanto as refeições são valiosas para que elas crescer fortes e brincar cada vez mais. Agora fazer trocas do tipo: “Se você comer tudo, pode ir brincar”, “Se almoçar ganhar um chocolate”, faz com que as crianças comam pensando na recompensa e descarte todos os benefícios da nutrição.
“Esse comportamento por parte dos pais e cuidadores acarreta em maior risco da pessoa no futuro desenvolver uma seletividade ou obesidade. Portanto, não é indicado a gente forçar a criança comer, pois ela tem o mecanismo dela e a saciedade”, alerta.
De acordo com a médica muitos pais comparam a alimentação do filho com a refeição do adulto ou de uma criança maior e acreditam que a quantidade que comem é insuficiente. “Se a criança está ganhando peso, mesmo se alimentando pouco, é sinal de que ela come realmente o que precisa. Os pais precisam conversar com as crianças, argumentarem sobre os benefícios de cada alimento para a saúde e tornar as refeições um momento de saúde”, orienta. Veja: A importância de uma boa alimentação na infância
Os pais são exemplos!
Comer apenas fast foods, gorduras e alimentos industrializados e querer que a criança opte por brócolis e legumes é uma tarefa praticamente impossível, garante a médica. “Nas refeições em família o pai precisa dar o exemplo, tem que comer os vegetais, verduras e a comida de forma saudável, sempre explicando para a criança o que ela está comendo, para que ela possa aprender e se interessar”, recomenda.
Participação da nutricionista meterno-infantil, Karine Durães
Congresso: Alimentação e hábitos saudáveis na infância