A família pode influenciar nos transtornos alimentares entre crianças, alerta especialista

15/8/2016        

 

É PRECISO OBSERVAR O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA OU ADOLESCENTE EM VÁRIOS ASPECTOS

 

 
O estudo Transtornos alimentares: o papel dos aspectos culturais no mundo contemporâneo, esclarece que transtornos alimentares afetam principalmente os jovens e de que as meninas são as mais propensas a desenvolver este tipo de problema.
 
A psicóloga infantil, Bárbara Catarina, explica que a maioria das pesquisas existentes aponta que os transtornos alimentares atingem mais as mulheres, mas que ainda assim, tem ocorrido cada vez mais entre os homens, que também buscam o “corpo ideal”:
 
“Os transtornos vêm acontecendo cada vez mais cedo, e há relatos de crianças com 7, 8 anos, com anorexia, com bulimia ou compulsão alimentar. Então é muito importante que se entenda porque isso acontece, como o meio onde alguém está inserido vai afetar e gerar esse problema.”

A especialista acrescenta que as consequências destes transtornos alimentares para uma criança ou adolescente, muitas vezes, é irreversível e pode levar à morte: “Às vezes em um adulto também é irreversível, mas na maioria dos casos, é possível evitar o óbito, mas no caso de uma criança, não”.
 
A psicóloga aconselha os pais para que observem seus filhos e verifiquem se não estão colocando muita energia na busca por um determinado padrão de corpo: “Cada pessoa tem uma estrutura óssea, tem uma estrutura de gordura diferente. Não há como uma pessoa ser igual à outra e isso é muito importante mostrar desde cedo”.
 
De acordo com o artigo Transtornos alimentares e influência da mídia, há um conjunto de fatores que juntos podem desencadear neste males entre crianças e adolescente, que são: componentes biológicos, familiares e socioculturais.
 
A psicóloga esclarece que a família pode influenciar os transtornos entre crianças e adolescentes, e isso começa pela mudança de alguns hábitos tradicionais ao longo das décadas:
 
“Cada vez menos, as famílias têm feito refeições juntas e no que isso impacta? Quanto menos as pessoas comem juntas, há menor comunicação sobre o ato de se alimentar, cada pessoa come em um horário, come uma comida diferente, a mãe não sabe o que o filho come, as pessoas sequer observam o que estão comendo, porque estão em frente a monitores ou estão trabalhando.”
 
A especialista destaca que muitas pessoas acham que o momento da alimentação não é importante, mas acredita que é essencial que a família volte a criar esse ritual de alimentação juntos, volte a observar o alimento até mesmo como aliado do desenvolvimento.

A psicóloga alerta que geralmente quando os pais finalmente observam o filho(a), a criança ou adolescente, já está em um transtorno alimentar importante, o que pode gerar uma consequência mais grave: “Então, quando se acompanha esse processo alimentar desde sempre, quando as refeições são feitas em família, é possível observar quando algo está errado e é possível interferir”.
 
Depois de descoberto o problema e se for um caso de doença já enraizada, a especialista orienta que é preciso que se busque auxílio profissional especializado, já que o processo para tratamento se torna mais complexo:

“Há casos em que é necessário haver internação, medicamentos pesados e o risco para uma criança em desenvolvimento ou para um adolescente que acabou de entrar na puberdade, por conta dessas medicações, também é grande.”
 
É importante para que se possa prevenir estes males como bulimia, anorexia ou compulsão alimentar, que as famílias dialoguem, que exista um maior convívio e observação em relação aos filhos, já que estes males surgem e progridem aos poucos e quando realmente são percebidos, é porque já chegou em um estágio que fugiu do controle da criança ou do adolescente.
 
“Então, a influência da família e não só da mídia, é muito importante. E quando a família discute sobre o assunto, a mídia cada vez menos tem impacto sobre como o filho(a) se relaciona com a comida, com o corpo, com a estética, então, é importante voltar aos hábitos tradicionais. Muitas famílias só se reúnem aos domingos e é importante retornar esse hábito também durante a semana”, orienta a psicóloga.
 
É fundamental saber da criança o que ela pensa sobre si, se há algum descontentamento com o corpo, é essencial compreender de onde vem essa insegurança e essa dificuldade em se aceitar. A prevenção destes transtornos alimentares também pode salvar vidas de consequências mais drásticas.
 
 
 
 
 
Bárbara Catarina – Psicóloga Infantil
Fanpage: www.facebook.com/psibarbaracatarina
Site: barbaracatarina.com.br
 
 
 
 
 
Fontes

Congresso de Alimentação e Hábitos Saudáveis na Infância.

Transtornos alimentares: o papel dos aspectos culturais no mundo contemporâneo. Realizado por: Leticia Langlois Oliveira; Cláudio Simon Hutz: www.scielo.br/pdf/pe/v15n3/v15n3a15

Transtornos alimentares e influência da mídia. Rede Psi: www.redepsi.com.br/2010/07/27/transtornos-alimentares-e-influ-ncia-da-m-dia
 
 
 
 
 



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